Saturday, November 8, 2008

Módulo 2

Aplicação dos Cursos de Especialização Tecnológica na FAP


- Breve Reflexão

Para quem não está à mais de duas décadas em contacto com a formação ministrada na FAP, relativamente a Cursos de Formação de Praças, Sargentos e Oficiais, quer no CFMTFA quer na AFA/ESTMA, terá alguma dificuldade em tecer comentários acerca da sua adequação aos novos desafios que se colocam à organização, e, se têm sofrido as alterações e actualizações adequadas em termos de conteúdos.
Para quem está à distancia mas vai ouvindo aqui e ali alguns comentários dos que têm passado por essa formação mais recentemente, parece-me que a FAP e os seus responsáveis pela área formativa, têm feito algum esforço no sentido de dar melhor formação, preparando melhor os militares para o desempenho das suas funções, nada comparado com os meus tempos de CFP e CFS, em que o ensino era algo desadequado.
No entanto, excluindo algumas honrosas excepções, continua a verificar-se que para um jovem acabado de chegar à FAP, continua a receber formação em especialidades que não tem equivalência ou certificação na vida civil, visto que muitas especialidades não têm aplicação no exterior e para outras se exige mais formação.
A aplicação dos Cursos de Especialização Tecnológica na FAP, numa primeira análise parece-me ser benéfica para estas situações, em que se daria formação equiparada ao exterior, dando assim oportunidades para quem não continuasse na FAP, assim como serviria de incentivo para angariar novos militares.
Para quem ingressa na FAP com o ensino secundário, promove um percurso formativo que daria oportunidade a uma qualificação profissional de nível 4, podendo ainda prosseguir os estudos.
Mas, por outro lado penso que devido à especificidade da missão da FAP, estaríamos a dar alguma formação em excesso, que se poderia desviar da realidade da actividade do militar após a sua formação e aumentar o tempo de formação, sem que com isso haja mais-valia para a organização ou para o militar no seu trabalho específico.
Como disse inicialmente não sei até que ponto a formação da FAP está cumprir os mesmos objectivos que um CET, mas penso que o papel da organização é formar militares par servirem a organização militar, contribuindo para o cumprimento da missão com competência e qualidade. Se além de formar um bom técnico militar, se as suas qualificações também tiverem o reconhecimento e equiparação na vida civil, juntava-se o útil ao agradável. Contudo nunca se deve descorar que, o que é investido em termos de anos de formação, num jovem que entra para a FAP, tem como objectivo retirar rentabilidade dessa formação, não só em termos de qualidade técnica, mas também em anos de serviço.
Infelizmente isto não acontece, penso que são anos de formação a mais para o número de anos ao serviço prestado após o processo formativo, considerando ainda o tempo de “on job training”, em que em alguns casos, os militares abandonam as fileiras logo após a qualificação.
Quando se entra com o 9º ano, para se atingir o patamar de um CET, a FAP teria que fazer elevado investimento num jovem, para depois o mais provável seria este sair.
Concluindo, os CET na FAP só seriam vantajosos se não se aumentasse o tempo de formação e se não se desviasse o objectivo da formação do militar para o desempenho da sua função com qualidade.

Carlos Simões
SAJ/MMA
20OUT08

No comments: